Saturday, January 27, 2007

Minha via sacra pelas religiões afora até chegar ao ateísmo - parte 3 - Paqueras na porta da Igreja

Mais uma vez o cenário é Formiga. Agora com meus 13 anos. Foi as últimas férias que passei com minha avó, depois ela adoeceu e morreu, em menos de um ano.

Eu e Juliana, nessa época, éramos como unha e carne. Eu acordava e já ligava pra ela perguntando o que íamos fazer. Andávamos a cavalo, íamos ao clube, passeávamos pela cidade... Um dia ela me chamou pra ir na casa de uns amigos, a gente ia passar lá e depois andar de bicicleta. Quando cheguei lá me encantei pelo amigo dela, que devia ter minha idade mais ou menos. Eu me lembro que ele tinha um cabelo comprido e que tocava violão, mas não lembro seu nome.

Então passeamos o dia todo de bicicleta, fomos nuns sítios mais distantes da cidade. Quando cheguei em casa minha avó estava doida atrás de mim. Deve ter me passado um sermão, não me lembro. A única coisa que eu queria mesmo era saber quando eu encontraria novamente o tal garoto. No dia seguinte era domingo, passei o dia com a Ju, quando deu, mais ou menos, 5 horas da tarde, a mãe da Ju falou pra gente arrumar pra missa. Fiquei meio horrorizada... Missa??? Eu não assistia missa desde que meu avô tinha me levado àquela maldita missa do dia das crianças. Então eu disse à Gisela que eu não costumava ir à missa. E ela disse que era importante.
Foi quando a Ju me deu o toque:

- Missa é legal porque os meninos da cidade vão, a gente fica na porta e pode ficar paquerando...

Aí eu fiquei super feliz, queria escolher uma roupa legal e ir. Enfim ia ver o tal gatinho. Chegando lá, ficamos na porta, e chegaram umas amigas e amigos dela. Ela me apresentava e dizia, quando não estavam olhando, quem era quem: esse é filho do fulano, aquela é vagabunda, fica com todos, aquele ali é o mais gato da cidade, e seguia naquela fofoca. Enquanto isso nada do garoto aparecer. Eu ia embora no dia seguinte. A tal missa, que nem assisti, acabou. E fomos sair, porque todos da nossa idade iam numa sorveteria depois da missa. Sei que o garoto não apareceu, e mais uma vez perdi a esperança.

Quando voltei das férias minha mãe disse que minha avó estava com câncer, que era terminal. Ela morreu e durante o velório meu avô me disse:

- Rezei tanto pra que ela se recuperasse. Rezei todos os dias, várias vezes ao dia, e não adiantou nada...

2 comments:

Don Rodrigone said...

e você nunca mais viu o infeliz do violão! que triste...

Anonymous said...

Você anda a cavalo? Uau!

Cam.