Thursday, March 27, 2008

Fogo

Num castelo ela vive, ela quer viver... Pobre dama... Morta dentro da aparência. Está sim no castelo, mas não percebe que está na masmorra. Os cuidados com os outros e consigo são excessivos: não faça isso, não fale aquilo, pense antes, pense, pense, pense, não haja, postura! Enquanto isso o tempo passa... A língua cala... A língua também não serve só pra falar, ela lambe... Mas a dela, especificamente, não. Reservou a língua pra ferir, a si e aos outros, quando profere suas poucas e calculadas palavras. Eu a rasgo com meus dentes e a lambo com minha língua. A dor e o prazer. Sexo sem amor, sem consentimento. Crime. Eu cometi todos, vivi todos. Eu sou o vício. Ela tem medo do sexo, eu o quero a cada instante. Meu corpo pulsa por ele, pede alguém que me queira, que me agarre, que me coma, sem pedir licença. E eu o lamba com minha língua. Ardente, profundo, intenso, sexo bom... Queria alguém hoje, mas só por hoje...