Tuesday, November 23, 2010

Estalos

Coisas justapostas sobre a mesa
Sem porquê nenhum
O que será de mim agora?
O que fazer com tudo isso?

A falta de sentido que também existe em minhas relações
A minha não-família
Tudo isso retumba sobre minha cabeça
Há um movimento forte me obrigando a pensar

A falta de foco
A grandeza e a quantidade de sonhos
A falta de previsões, de planejamento
Preferia logo por tudo fora
Ir para fora e fugir

Deus é comediante, Deus é dramaturgo

Deus escreve tudo em linhas tortas, está tudo já escrito.

Então você nasceu predestinado, só que Deus escolheu (e escreveu) que aos 3 anos você cairia num poço e seria resgatado depois de 3 dias e 3 horas (notem a numerologia, Deus é mesmo um numerólogo).

Isso, segundo Freud, vai te levar a um trauma, a um medo de escuridão e a uma fobia sexual que é acionado quando você sente cheiro de bacalhau, já que você caiu num posso que tinha um cheiro de peixe muito forte. Essa sua quedinha, aos 3 anos, que você nem se lembra mais o levará a um problema sexual de impotência fazendo com que ao sentir cheiro de bacalhau você comece a chorar compulsivamente chamando a mamãe.

Entende meu ponto de vista? Comediante e dramaturgo... Isso sim!

Extinguir-se

Por mais que pensemos que somos pessoas interessantes e que o mundo precisa de nós, temos que adimitir que logo nos extinguiremos. Por isso venho propor que você extingua-se, sim, proponho que você deixe de existir. Como a vela que ao queimar ilumina os outros, mas consome a si mesma.

A menina e a ampulheta


Na casa grande e fria
A menina brinca com a ampulheta
A menina está só
Sempre se sente só
A casa é bonita
E a dona da casa a agrada
Mas a menina não se sente tão à vontade
Queria estar em sua casa
E a ampulheta escorrendo sua areia
Enquanto a menina sobe e desce uma escadaria de madeira
Queria morar ali? - pensa
A menina está só
A ampulheta tem uma areia rosa
Ela gosta de brincar com a ampulheta
Mas não tem noção de que o tempo está passando
A ampulheta é de vidro e cai da mão da menina
É o tempo escorrendo pelas mãos

Friday, January 22, 2010

O viaduto

Os pombos, fétidos, comiam toda a comida esparramada pelo chão
a rede, vazia...
a sala de estar no meio do viaduto, sem visitas...
os cachorros de barriga cheia de tanto comer
O barulho nem incomodava mais
O trânsito em cima deles
A violência.
Cheiro de esgoto, cheiro de gente
cheiro de mijo.
Quase ninguém repara,
Mas o homem é o único animal que vive na miséria
o único animal que escraviza seus iguais.

Saturday, January 16, 2010

Inferno

"Começamos a conversar e tudo vai muito bem, no mais delicado momento, aparece a jovem Minna que entra, atraindo a atenção de todos. Era uma pequena dos meios artísticos, modelo, amante de pintores, interessada em literatura, boa menina para quem todas as portas estavam abertas. Eu também a conhecia e uma noite nos tornaríamos bons amigos, embora sem passar dos limites. Em suma, ela entrou e atirou-se nos meus braços - tinha bebido um pouco -, beijando-me nas faces e tratando-me por tu." (Trecho extraído do livro Inferno de August Strindberg)

Intimidade
Ora essa
Que insanidade
Agora já era
Intimidade
Desejo
Realidade é diferente

Ela chega
tinha bebido um pouco
me afeta só ao aproximar
me beija a face
face enrubrece
coração acelera
Somos só nós dois
Me chama por tu
E tenho todos os pensamentos libidinosos
sujo que sou

Wednesday, January 06, 2010

Mas que coisa

Mas que coisa! Esse lance de amor, de pensar milhões de vezes por dia na mesma pessoa, com tanta gente nesse mundo!
Mas que coisa! Esse lance de compromisso, de achar que alguém é sua propriedade, com tanta gente nesse mundo!
Mas que coisa! Ter que ter um filho só porque ainda não teve, com tanta gente nesse mundo!
Mas que coisa! Ter tão poucos amigos, tão poucos confidentes, com tanta gente nesse mundo!