Monday, January 28, 2008

Sentados os dois ali, lado a lado, vendo a vista da cidade, "nem amigos, nem amantes", naquela dura insistência de ficar juntos. Diferentes demais, eles sabem, mas o desejo é maior que a razão. Vendo a cidade de cima ela fica menor, quase impossível, mas fica. Ele deitado ao colo dela, ela acaricia seu cabelo. Faz sol, mas um sol frio, o dia está bonito, céu azul. Aquele céu difícil de se ver numa cidade tão grande e poluída. Ele deitado, só quer esquecer, ele quer alguém pra esquecer... ela quer alguém pra lembrar. Por isso a desavença, por isso a diferença. Ele está fugindo, ela procurando. Ele quer o velho, o passado, o mofo das coisas vividas. Ela quer as coisas limpas, novas, fluindo. Ele só sabe ver o passado, ela olha o futuro e sorri. Às vezes tem um pouco de medo, mas prefere seguir adiante a voltar para uma vida que não lhe agrada mais.

Monday, January 21, 2008

Só mais uma hoje

A cena é em preto e branco. Anos 20. Ela com de chapéu, um belo vestido, maquiagem, batom vermelho, talvez segurasse uma cigarrilha, não me lembro. Ele lhe faz uma proposta indecorosa, ela pergunta indignada:

- Que tipo de mulher você acha que sou?

Ele:

- Do tipo que bebe muito champagne.

Papo anti-social

Bom, agora é hora da pergunta: "e aí, o que vai fazer no carnaval?"... Estressante e cansativa essa pergunta. Primeiramente porque detesto as comemorações carnavalescas e segundo porque esse ano o carnaval caiu na primeira semana de fevereiro, data esta que estou financeiramente apertada e já cansada dos gastos do fim e início do ano. Agora vem a questão, as pessoas gostam de mim, sou uma pessoa carismática, mas acontece que não entendem que uma pessoa assim pode não gostar de axé e outros barulhos que tocam nos malditos carnavais de rua. Sei, nesse ponto sou anti-social, as pessoas me dizem: vamos dançar, vamos comemorar! E eu penso comigo: comemorar o quê? Não gosto de multidões, não acredito nessa alegria que as pessoas dizem sentir. Acho que é algo tão superficial, me incomoda a bebedeira, a falta do que falar, o som alto. Não que eu não tenha meus momentos de futilidade, ou de curtição, mas um feriado inteiro nessa história de pegação, música ruim, pessoas suadas e muito juntas, tenho pânico. Enquanto eu pensava nesse texto e na minha indignação com a alienação do brasileiro, que tem um dos maiores índices de corrupção do mundo, pagam mais impostos e não têm o retorno que deveriam ter, entre outros como a violência, acidente nas estradas (que é consequência da corrupção e mal emprego dos impostos), etc., enquanto estava voltando do maldito banco do Brasil, com minhas preocupações cotidianas, me passa um rapaz... hoje, segunda-feira... com uma garrafa de vinho numa das mãos e um cigarro na outra. Olho e penso que estou me preocupando a toa, que eu deveria mesmo era hibernar no carnaval... Alugar uns 30 filmes e não atender nem ao celular, ou talvez atender apenas os que não me chamarem pra ouvir axé... Maldita TPC, tensao pré carnaval!
Até agora não consegui uma companhia sequer para passar o carnaval num sítio ou num lugar isolado... Será que só eu não gosto disso? Será que só eu não vejo graça nenhuma? Só queria um lugar que eu pudesse tomar um sol, caminhar, ler um livro, refletir, mas não queria ir tão sozinha. :-(

Friday, January 18, 2008

Não queria, mas é assim que acontece...

Viver amores ardentes... Já não lhe apetece. Sabe curtir sua solidão, a mais doce e delicada solidão... A solidão que existe em ler um bom livro, ou assistir um bom filme. Não que não lhe agrade a presença de alguém, mas ela quer mais. Quer um amor que divida com ela de verdade as coisas que ela gosta de fazer, quer conhecer também o que ele gosta, mas sente que os gostos devem ser o mais parecidos possíveis. Um sábado à noite em casa com um bom jantar, um almoço de domingo, uma boa conversa, uma caminhada no parque, um vinho tinto... Há tempos que não curte uma noitada, em bem da verdade, nunca curtiu, e agora, com quase trinta anos, não acredita que vai achar um amor ali. Não quer a companhia de alguém que a ame tanto que a sufoque. Acredita na individualidade, saberia dividir uma vida, está pronta para viver até um casamento, mas com liberdade, com confiança. Ainda tem fé de achar essa pessoa, já não sente prazer em ter alguém só pra não ficar só. Curte a mais deliciosa solidão, a solidão que há no existir. Mas o tempo vai passando e ela pensa que não vai achar nunca essa pessoa. Vê que existe um certo desespero, as pessoas gostam de relacionamentos superficiais. Ela não quer, prefere sua solidão. Mas quando percebe, está viajando, imaginando a vida que ainda não vive, e não acha isso bom. Ela está bem, mas quer realmente esse alguém e sente que, a cada dia, fica mais difícil de achar.

Wednesday, January 16, 2008

Mais uma pessoa me diz hoje: "nossa, como você é alta, hein?". Será que eu e meus 1,75m estamos fadados a ouvir essa pergunta até o fim de nossa curta existência? E ainda me diz: "pra arrumar namorado tem que ser no mínimo um palmo mais alto, deve ser difícil"... Lembrei de uma história em que minha tia sempre encontrava uma senhora pequinininha no elevador. Ela dizia: "Nossa! Como você é grande, me sinto até mal perto de você". E isso era todo dia, toda hora que encontrava essa senhora. Até que um dia, minha tia, já emputecida, diz à senhorinha: "Escuta, nunca lhe passou pela cabeça que eu posso me sentir mal em você ser tão pequena, não?". E foi dada como grossa...

Thursday, January 10, 2008

O calor que fazia naquele verão era de derreter, de não lhe dar possibilidades de pensar em outra coisa. A fraqueza e o maldito cigarro, ele não largava o vício. A fraqueza da carne, em todas as dimensões, ela o fazia perder todo o moral. Moralista? Não era. Apenas fingia amar. Mas na verdade corria do amor pelo caminho avesso. Fugir do amor, amando. Não era a melhor maneira, mas era a maneira mais fácil de escapar. Fidelidade? Claro que não... Mas acreditava na fidelidade da esposa. Todos acreditam. Os infiéis são incapazes de se imaginar sendo traídos, dói. Sendo trocados por outro. Não queria imaginar que ela o traía nem em pensamento. E o que é a traição? O que é o amor? É palpável? Eu torcia para que ela o traísse e que ele nunca soubesse. Que gemesse na cama com outro... Torcia e ainda torço. Ela sendo lambida, inteira, por outro. Ele sem saber. Ela imaginando o outro na cama com eles, sem nunca dizer nada. Ele fazendo filhos, tendo amantes, mas mantendo esse desamor a todo custo. Quase sufocado por ele, quase não vivendo outro amor que não o desamor por ela. Apaixonadamente desapaixonado, rasgando a outra com sua língua felina, apertando a outra com suas mãos intensas, mas sem amor, o amor não lhe serve.

Naquele dia ele se encantou por mim, mas era tudo carnal. Não tinha paixões ou amores por outra mulher, só desamava de verdade sua esposa, só ela merecia seu desamor. Só confiava nela, só com ela podia contar. Tentou me seduzir, estava cansado de todas aquelas que encontrava às vezes. Sempre tão previsíveis, tão carentes. Intrigava a independência do seu atual objeto de desejo. "Não, ela não pode ser tão livre." Só que eu sei que se acontece perde a graça, gosto de alimentar o desejo, o mais torpe desejo, alimentar, alimentar, nunca ceder... Não é a toa que a mulher é mãe, tem prazer em alimentar. E não é a toa que o desejo some quando se está saciado. A mulher prende pelo alimento, o homem lhe escapa pelo desejo.

Wednesday, January 09, 2008

Massagem!

Sim, preciso de uma boa massagem, de mãos fortes e masculinas, alguém se habilita?

Tuesday, January 08, 2008

Nunca consegui entender muito bem esses relacionamentos que um praticamente vira o outro. A namorada lê a mensagem no celular do namorado, olha quem ligou e quem deixou de ligar pra ele. Nem consego agir assim. Com esse ciúme possessivo, essa loucura de achar que é dono do outro. Mas às vezes penso que deve ser mais legal, deve ser pelo menos engraçado, uma pessoa te dizendo pra onde vai e o que vai desejar. Talvez seja isso que faça a gente imaginar que não estamos sós no mundo. Que temos certa segurança nessa vida.

Friday, January 04, 2008

Ei, lembra daquela fulana, meu deus, como era mesmo o nome dela? Ai, aquela que falava assim... Como era mesmo? Ai, meu deus, deu branco! Ela namorava aquele cara, aquele carinha lá... um alto... não sei, não lembro direito como eles se conheceram. Então, ela mesma, em carne e osso, que falou que sua bunda era caída, lá no dia da festa de fim de ano... Sei lá, mas as pessoas falam demais da vida dos outros, ela não tem o direito, né? Quem é ela pra falar! Quem é ela?