Sunday, February 08, 2009

Esse Deus Aranha

Ele tece a teia do destino dos homens, Ele comanda. Autoritário, se você não fizer por Ele, não será salvo. Deus Aranha. Tece a teia e nós, rélis insetos, inocentemente somos presos a essa maldita teia divina. Livre arbítrio sim, mas Ele escreve certo por linhas tortas. Vai se entender tanta contradição. Deus mal, Deus perverso. Ele condena sua própria criação. Ele criou tudo isso, e aí vemos a maldade em seus olhos. Criou o caos, a morte, o existir e a dor. Deus Aranha! Nao te quero aqui!

Wednesday, February 04, 2009

A dor de ser artista

Poucas pessoas entendem o drama que há na qualidade de ser artista. Ser artista é estar aquém do mundo, é não ter pousada certa, é não saber onde vai dar. Buscar onde ninguém busca. Ser artista é sofrer a dor do outro, a sua dor, a dor que não existe. Ser artista é ouvir as pessoas te dizerem que você não sabe o que quer da vida, que não tem foco. Tudo isso amarga em nossa boca e nos faz pessoas menos racionais, pura emoção. O artista não tem vez nesse mundo tão racional, cheio de contas pra pagar. Somos também atemporais, vagamos pela história, sempre os mesmos, porque conhecemos, de certa forma, o sentido maior dessa vida: que é o prazer. Observamos cada um, sabemos de cada um, mas só nos preocupamos conosco. Não é egoísmo, é deixar viver. Somos sim, sem parada, não temos lugar nesse mundo. Entendemos da alma humana e da sua grande inconsciência. Entendemos de tudo e ao mesmo tempo de nada! Não somos nada senão o momento.

Termino com essa frase da música "Você só pensa em grana" do Zeca Baleiro, obviamente a pessoa pra que ele canta não é e nem pode ser um verdadeiro artista:

"Você rasga os poemas que lhe dou, mas nunca vi você rasgar dinheiro"

Sunday, February 01, 2009

[Ela ri como louca, aquele riso incontido, aquele riso psicótico.]

Ri e chora, chora e ri. Doente. Passeia pelas ruas da cidade e se sente inteira ali, mas quer voltar pra sua terra, que nem é natal. Sua terra natal não é nem uma lembrança na parede e nem dói, nada, nada. Mas a terra de onde veio, que lhe ensinou os vícios da vida, a condição de trabalhar pouco e beber muito. A condição de estudar, ler e pesquisar. A condição de ser inteira, densa, profunda, artista, artesã. Para essa terra ela quer voltar e ao mesmo tempo não. O calor insuportável, o mau-humor de seus pais, os amigos que ela sente falta, tudo ficou pra trás. Voltar é retroceder. Porém também sabe que não existe volta e sim um fluir, um ir e vir. Voltar é impossível.

Ela sempre questionando a vida: "O universo é tão vasto, tão bonito, e a gente tem que ficar. A falta de liberdade vai matando aos poucos um coração que tanto a quer."

Ri doente, ri (in)conscientemente dos seus olhares, das suas análises, da sua forma de enxergar a vida e enxergar o outro. Ri e fala. Fala mansa, doce, finge não tentar convencer, mas convence. Dismistifica. Entorpece. Se torna mito, se torna voz ativa na mente do outro. Invade, suga, quer tudo e todos para si. Quer a troca, quer coragem, quer amor, mas não amor mito, amor amor.