Se Marina fosse a menina que eu queria que ela fosse, sem dúvida me levaria pra viajar em seus pensamentos. Mas ela nunca soube me conduzir e eu sempre me perdia. Ela tinha seus amigos imaginários, eu tentava ter os meus. Mas muito realista, sempre, não conseguia dar nome a eles. O dela se chamava Escalor, e ele estava sempre no arco-íris, e como existiam arco-íris naquela época! Nina era doce, mas era uma doce muito doce, e eu não entendia sua doçura. Ela, às vezes, ria de mim, e isso doía, doía. Íamos ao clube, ao parque, à feira, e ela sempre manhosa, com sua mania de filha caçula. Eu sempre a mais velha.
Eu tinha ciúme de Escalor, ele a roubava de mim. Ela conversava com ele em noites de lua cheia, quando se formava aquele arco de luz em torno da lua, ele estava lá, e eu também, mas Marina não me via, só via a lua e seu amigo.
Marina tinha os cabelos dourados, compridos, olhos verdes. Eu morena, cabelo cacheado, cabelo e olhos castanhos. E todos diziam para ela não se pintar, que já era bonita com o que Deus lhe deu. E era mesmo.
3 comments:
Que lindíssimo! (ss)
Eu prefiro a morena... ah, muito açúcar também faz mal... mas que esse texto está lindo, isso é fato.
Adorei.
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