Friday, October 26, 2007

Entrevistas de emprego x amor pelo trabalho

Nessa minha peregrinação por São Paulo em busca de uma oportunidade de emprego interessante, que, teoricamente, eu não teria em Belo Horizonte, consegui, finalmente, ver alma em um entrevistador, se é que o posso chamar assim. Todas as empresas que fui tinham aquelas perguntas padrões: aquela odiosa pergunda das 3 características positivas e das 3 negativas da sua personalidade, o 'por que você quer esse emprego?' (será que a resposta não é 'porque preciso trabalhar'), fuma? (igual a um dragão), tem religião? (ateu praticante), só faltava perguntar se transo ou não com frequência... (tem épocas que sim, outras não). Mas ontem, de repente, encontrei meu novo emprego e junto com ele uma nova perspectiva, inclusive de organização. Acredito (e inclusive penso em escrever mais sobre o assunto) num novo modelo de empresa, sem hierarquia, com muito capital intelictual, com muito trabalho, porém com muita cultura, com muita leitura, com trocas interessantíssimas de experiências. Perguntas padrões me enojam porque exigem respostas padrões. Eu não sou, não fui, nem serei padrão. Não me encaixo nos modelos de emprego porque a vida não é um modelo, a vida é momento e não há padrão, não há modelo que me faça deixar de viver e amar o que faço.
Mas ontem, pela primeira vez ouvi uma pessoa dizer:
- Olha, não é bem uma entrevista, porque não sei entrevistar ninguém.
e respondi:
- Ótimo, porque também não sei dar respostas a essas perguntas todas.
E assim nos acertamos.

5 comments:

Don Rodrigone said...

maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaravilha!! Sucesso pra Quel!! \o/

Anonymous said...

Também não tenho boas recordações quanto a entrevistas de emprego. Quem souber mentir com mais naturalidade leva...

Eros said...

Olham-me quase com horror e incompreensão quando digo que já mudei de cidade mais de 3 vezes e que, depois de 10 anos dedicado a uma área, resolvi mudar para outra aparentemente sem qualquer relação. Pedem uma explicação que torne essas mudanças coesas e coerentes. Ora bolas, por que diabos a vida teria de ser linear? Eu é que não os entendo.

R. said...

Um entrevistador tão franco a tal ponto é de fato uma raridade. Em geral nos olham com aquele costumeiro ar de superioridade, a fim de nos intimidar. E jamais falam sobre eles próprios.

A propósito, o mais inusitado que já me aconteceu nessas entrevistas foi, em certa empresa, terem me pedido para redigir um... pedido de demissão! : o

Anonymous said...

Fuma igual a um dragão foi ótimo! rnd