Nessa minha peregrinação por São Paulo em busca de uma oportunidade de emprego interessante, que, teoricamente, eu não teria em Belo Horizonte, consegui, finalmente, ver alma em um entrevistador, se é que o posso chamar assim. Todas as empresas que fui tinham aquelas perguntas padrões: aquela odiosa pergunda das 3 características positivas e das 3 negativas da sua personalidade, o 'por que você quer esse emprego?' (será que a resposta não é 'porque preciso trabalhar'), fuma? (igual a um dragão), tem religião? (ateu praticante), só faltava perguntar se transo ou não com frequência... (tem épocas que sim, outras não). Mas ontem, de repente, encontrei meu novo emprego e junto com ele uma nova perspectiva, inclusive de organização. Acredito (e inclusive penso em escrever mais sobre o assunto) num novo modelo de empresa, sem hierarquia, com muito capital intelictual, com muito trabalho, porém com muita cultura, com muita leitura, com trocas interessantíssimas de experiências. Perguntas padrões me enojam porque exigem respostas padrões. Eu não sou, não fui, nem serei padrão. Não me encaixo nos modelos de emprego porque a vida não é um modelo, a vida é momento e não há padrão, não há modelo que me faça deixar de viver e amar o que faço.
Mas ontem, pela primeira vez ouvi uma pessoa dizer:
- Olha, não é bem uma entrevista, porque não sei entrevistar ninguém.
e respondi:
- Ótimo, porque também não sei dar respostas a essas perguntas todas.
E assim nos acertamos.
Friday, October 26, 2007
Friday, October 05, 2007
Garçonete em Toronto
Pedi uma coca light e ela trouxe uma sem cafeína, como parecia já ter sido bem difícil pra ela trazer todas as bebidas, cerveja e etc, eu deixei pra lá. Mas quando fui pedir a segunda coca, resolvi mostrar que queria mesmo uma coca light, sem calorias e não sem cafeína. Ela olhou pra mim com a cara mais assustada e disse: "Oh, you need some caffeine!". Achei melhor concordar: "Isso mesmo, I do need some caffeine".
Ela cultiva flores mortas, murchas, quase secas. Ainda tem esperança de arrancar-lhes algo de vida. Mas ela não percebe que estão mortas, não vê que tem que partir, que sumir, que vomitar tudo aquilo que engoliu. Ela vai da casa ao trabalho, do trabalho para casa, na sua frustrante jornada diária. Reclama, reclama, a todo momento. Chora, liga pro namorado, ele também não sabe muito o que dizer. Ele sabe puxá-la pra junto dele, fazer dela um cachorrinho. Ela aceita. São as flores mortas. O cheiro já não agrada, lembra velório, cemitério. Mas não adianta dizer, ela não quer saber, não quer sentir. Quer apenas seguir reclamando. Pensar que fiz parte disso um dia me apavora. Tão linda, tão jovem e perdendo a vida num lugar onde todos já morreram.
Monday, October 01, 2007
Era digna de poesia. Cantou para mim: "Não importa com quem você se deite, que você se deleite seja com quem for"... Mas não sei se aceito o seu estranho amor... Me tirou pra dançar e quando já estava na pista me perguntou se eu sabia. Quanta contradição... Respondo que sei um pouco e ela me diz que também não sabe muito. Ela aperta minha mão, me dá um frio, fico tonto, fico louco pra dizer alguma coisa. Mas ela é bem direta, diz adorar meu sotaque, não tenho resposta. Ela é tão linda, tão imprevisível. Eu sou tão igual aos outros... Penso o que ela viu em mim, penso se devo lhe beijar a boca. Por que pensar? Deveria agir. Mas não ajo, fico imóvel, estarrecido. Ela é tão segura de si, tão certa do que quer. E eu vagando perdido, sem ao menos conseguir respondê-la. Ela se despede de mim com um beijo na bochecha, sai cantarolando "um amor assim delicado, você pega e despreza". Maldito Caetano!
Subscribe to:
Posts (Atom)