Saturday, May 17, 2014

Começou a escrever o e-mail assim: "Não sei se você ainda se importa, mas..."

Apagou... Resolveu talvez por: "sei que você nunca me quis..."

Mais uma vez apagou, percebendo que aquilo era implorar. Ela não queria implorar, ela apenas queria que tivesse sido diferente. Ela queria compreender o que aconteceu, será que viveu tudo em vão? Será que um dia se gostaram e foi verdadeiro?

Era esse seu maior medo, estar sempre vivendo uma mentira, mas ao mesmo tempo ela era uma atriz, sabia que na vida encenamos desde o dia que nascemos até o derradeiro dia.

Fechou os olhos e visualizou o rosto amigo. "Não sei se você ainda se importa, não sei se você um dia me quis, não sei quem é você, você sabe quem sou?"

Se sentiu ridícula, escrever aquilo seria simplesmente patético, se sentiu estúpida. Pra quê mexer no passado? Além do mais, já haviam refeito a vida, seguiram, se esqueceram... Aliás, ela nunca esqueceu, ela seguiu, foi simplesmente navegando.

Não era feliz. Não podia ser, porque ela talvez nem acreditasse na felicidade. Sonhos de amor? Sonhos de um lar aquecido? De estabilidade? Nada disso parecia fazer parte de sua vida e ela ia crescendo e morrendo aos poucos, queria compreender quem era.

Só sei que ela pensou, pensou e nada escreveu, continuou, seguiu, como sempre fez... "A gente não muda as pessoas" - pensou.

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