Monday, October 05, 2009

Elvis

Ele me segurava forte, me abraçava e era tão bonito que minhas pupílas se dilatavam e minha face enrubrecia. Ele sabia disso, ele gostava de provar para si mesmo que era o sonho de várias mulheres. Era meu amigo. Infelizmente a vida tem suas contingências e aquele ano foi um ano duro para nós dois.

Ouvíamos a mesma música várias vezes ao dia. Não tínhamos muito o que fazer, é bem verdade, nosso trabalho era esperar. E nisso fumávamos um cigarro, ríamos, passávamos frio de braços dados e fomos criando uma intimidade que só verdadeiros amigos tem. Posso vê-lo só daqui a 200 anos, mesmo assim sei que será como se o tivesse encontrado ontem. Ele me fez enxergar muita coisa bonita. Me fez enxergar que eu sou bonita.

Acho que nunca me esquecerei de seu sorriso, do carinho que tinha por mim, tanto que tenho saudade dele até hoje. Tento contato, porém ele sumiu, está como eu, trabalhando muito e de verdade, não como era naquele tempo... Tempos estranhos, eu diria, terminei metendo os pés pelas mãos, tanta coisa aconteceu... Até que tentei tirar Elvis das minhas fantasias, dos sonhos de saber como seria lhe dar um beijo, o coração dele tinha dona, mesmo que ela não quisesse, era dela.

Foi então que resolvi cortar isso e ter algo real, com outro homem, pois o real estava batendo a porta e eu não podia mais esperar. E amei, de forma tão inesperada que já nem sei o que foi aquilo que senti. E quase morri quando ele me deixou. Parecia que eu ia afundar no colchão da minha cama até chegar no chão, até me sufocar em meio aos lençóis, travesseiros e edredons. Senti a dor de quem perde alguém muito especial, mas hoje o que foi aquilo que vivi?

Pra mim ficou Elvis. Elvis e seus cabelos lisos, sorriso largo, abraço quente. Elvis e sua melancolia, angustia, baixa auto-estima. Elvis e sua paixão mal-resolvida, sua galinhagem, sua mania de ser um macho alpha. Elvis e eu. Para sempre.

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