[Ela ri como louca, aquele riso incontido, aquele riso psicótico.]
Ri e chora, chora e ri. Doente. Passeia pelas ruas da cidade e se sente inteira ali, mas quer voltar pra sua terra, que nem é natal. Sua terra natal não é nem uma lembrança na parede e nem dói, nada, nada. Mas a terra de onde veio, que lhe ensinou os vícios da vida, a condição de trabalhar pouco e beber muito. A condição de estudar, ler e pesquisar. A condição de ser inteira, densa, profunda, artista, artesã. Para essa terra ela quer voltar e ao mesmo tempo não. O calor insuportável, o mau-humor de seus pais, os amigos que ela sente falta, tudo ficou pra trás. Voltar é retroceder. Porém também sabe que não existe volta e sim um fluir, um ir e vir. Voltar é impossível.
Ela sempre questionando a vida: "O universo é tão vasto, tão bonito, e a gente tem que ficar. A falta de liberdade vai matando aos poucos um coração que tanto a quer."
Ri doente, ri (in)conscientemente dos seus olhares, das suas análises, da sua forma de enxergar a vida e enxergar o outro. Ri e fala. Fala mansa, doce, finge não tentar convencer, mas convence. Dismistifica. Entorpece. Se torna mito, se torna voz ativa na mente do outro. Invade, suga, quer tudo e todos para si. Quer a troca, quer coragem, quer amor, mas não amor mito, amor amor.
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