Bom, como eu disse no post anterior, resolvi ler O Abajur Lilás e Oração para um pé-de-chinelo de Plínio Marcos. Então fiz uma minipesquisa na internet e tudo que achei, gostei. Biografia do autor:
http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_674.html
Eu gosto de pessoas polêmicas, que dizem pra gente se sacudir, que o mundo não é cor-de-rosa, que existem milhões de pessoas por aí e que, na maioria das vezes, são vítimas de um sistema e nada podem fazer pra mudar a situação. E no site www.pliniomarcos.com.br eu achei sitações dele que falam sobre isso:
"Não faço teatro para o povo. Faço teatro em favor do povo. Faço teatro para incomodar os que estão sossegados. Só por isso faço teatro."
"O povão só berra da geral sem nunca influir nos resultados."
"Minhas peças são atuais porque o país não evolui."
Essa frase em particular me causou um certo êxtase, pois é realmente o que se sente ao ler as peças, são peças dos anos 60, porém atuais como nunca! A miséria, o sentimento de não ter em quem confiar nesse mundo, a forma como o marginal é visto como um nada absoluto, um ser que não deveria existir. Nunca se preocupam em curar o mal ou tentar não criar o mal. Preocupam sim, em manter-se no poder, e para isso, não importam as vidas que vão se perder no meio do caminho. E quantas já perdemos? E quantas perderemos?
Como todo bom dramaturgo, artista, jornalista, cidadão, Plínio Marcos foi perseguido pela censura e, claro, sabotado pela mídia, mas não desistiu:
“Ai, eu me organizei pro pior. E o pior veio. Muito pior do que eu imaginava: na base do maldito ninguém-me-procura. Mas, eu era mais eu. Editava meus livros, na base do crédito naturalmente. E saia vendendo. E ia tocando a catraia contra a maré.”
E quem nunca se sentiu assim, digamos, sabotado, por tentar abrir os olhos das pessoas, por tentar mostrar que esse caminho do poder não é o caminho certo?
Vou falar um pouco sobre as duas peças, o que eu senti ao ler. Mas vou deixar a história um pouco de lado, pois prefiro que vocês mesmo leiam.
O Abajur Lilás: http://www.pliniomarcos.com/dados/abajur.htm
O que eu senti lendo O Abajur Lilás foi uma mistura de angústia, um sentir-se a parte desse mundo marginal e a hipótese de que se eu fosse uma prostituta, como seria minha vida... Ao mesmo tempo que você acha que está longe desse mundo, na verdade isso é ilusório. Imaginei a angústia da mãe prostituta que entrou naquele mundo, antes era só ela, engravidou e agora não tem como sair daquilo, ou não sabe como sair, não conhece outra realidade. Lembrei de quando eu participava de um grupo de voluntários da igreja que davam sopa na rua nas sexta-feiras à noite em BH. Uma vez eu carreguei uma criança com cerca de 1 ano, era um menina. Ela se agarrava a mim e tinha um choro sentido, um choro de "não me abandone", e isso foi uma das coisas que me fez desistir de trabalhar com aquilo, é muito pro meu coração. Essa criança ficava na rua com estranhos enquanto a mãe se prostituía. Um senhor, que cuidava dela naquela noite, me disse que sabe-se lá o que outros faziam com ela. Que a mãe deixava com qualquer um porque precisava trabalhar. Tive uma vontade enorme de levar aquela criança pra minha casa e nunca mais a deixar abandonada na rua, meu coração doeu, aquele foi um dia triste pra mim. Abandonei o projeto não pela dor que me causou, mas sim porque acho que é uma medida paleativa e não uma solução para o problema. Atualmente quero voltar a trabalhar com isso, mas de uma forma que eu realmente vá ajudar o próximo.
Lendo a peça, senti também a fraqueza da carne, como somos fracos sobre tortura e como só os fortes conseguem passar por uma tortura sem denunciar ninguém, ou então só se for um amor muito forte e verdadeiro, onde você prefira morrer torturado a denunciar o outro.
Oração para um pé-de-chinelo: http://www.overmundo.com.br/overblog/oracao-pro-pe-de-chinelo
Achei interessante o título, porque de alguma forma liga esta peça à primeira (só vai entender quem ler). São peças bem parecidas, mas com desfechos diferentens.
As duas peças passam uma sensação de não ter o que fazer, não ter como escapar, como se a vida fosse só deixar o curso seguir, com tudo praticamente premeditado, dia após dia. A falta de confiança no outro, estar sozinho no mundo, não confiar em ninguém, não ter amigos.
É muito interessante também como ele faz uma linguagem marginal, os palavrões, a forma de falar malandra. "Que merda! Que merda! Que merda!" ou "Eu não matei meu pai a soco!"
Gostei muito de ler essas peças e recomendo aos amantes da arte. Embora eu acredite e tenha amizades verdadeiras, em quem confiar e a quem amar.
Bom, sem mais por enquanto. Próximo livro: Ai de ti Copacabana - Rubem Braga
Tuesday, July 07, 2009
Faxina na Biblioteca
Meus pais são duas figuras... Apegados demais com certas coisas e desapegados demais com coisas que geralmente consideramos importantes. Desde pequena vivi numa casa com muitos livros, desde pequena li vários autores, vários livros históricos, vários livros técnicos e, confesso, alguns livros esotéricos.
Antes do meu suspeito ateísmo eu era, de certa forma, um tanto mística. Fato é que ainda sou, ainda acredito que eu tenho uma visão além do alcance (olho de Tandera). Mas eu não tento mais explicar isso, eu parei de ler esses livros que, em geral, são livros de auto-ajuda.
Uma das coisas que meus pais se apegam são livros, em alguns casos eu concordo, outros não. E hoje eu sou adepta do e-book, acho prático, podemos riscar, podemos utilizar mais facilmente citações em nossos trabalhos, e, a melhor coisa do e-book: não acumulam poeira e não ocupam espaço.
Para uma pessoa alérgica como eu, ter uma mini biblioteca no quarto é suicídio, mas eu tenho. Culpa de não ter espaço suficiente em outros locais da casa, culpa minha também, por ter desenvolvido essa alergia só depois de mais velha.
Bom, sei que fui fazer uma faxina na estante, tirei todos os livros, separei por temas: os de administração (livros que li ou tentei ler durante o período de faculdade), os de psicologia ou "psicologia" (porque alguns, como os do Jung, não são aceitos pelo CRP), as enciclopédias (pra mim é um grande elefante branco, não servem para muita coisa, morro de alergia, prefiro pesquisar no google, mas não posso doar, pois meus pais são apegados e tal), e, enfim, os romances, bibliografias, peças de dramaturgia, ou seja, a fatia gostosa do bolo.
Na minha grande neurose, pensando que a mente precisa de um lugar organizado para se organizar, querendo "limpar as energias" do meu quarto e melhorar, assim, minha vida. Resolvi colocar os livros na estante em ordem alfabética de título. E agora, minha meta é ler um a um e provar que se os livros existem, devem ser lidos. O primeiro da lista é uma peça de teatro chamada Abajur Lilás, O - Plínio Marcos, no mesmo livro e em seguida tem outra peça: Oração para um pé-de-chinelo. Vou ler e pesquisar sobre o dramaturgo e este será o próximo tópico do meu blog. Divirtam-se com a minha falta do que fazer!
Antes do meu suspeito ateísmo eu era, de certa forma, um tanto mística. Fato é que ainda sou, ainda acredito que eu tenho uma visão além do alcance (olho de Tandera). Mas eu não tento mais explicar isso, eu parei de ler esses livros que, em geral, são livros de auto-ajuda.
Uma das coisas que meus pais se apegam são livros, em alguns casos eu concordo, outros não. E hoje eu sou adepta do e-book, acho prático, podemos riscar, podemos utilizar mais facilmente citações em nossos trabalhos, e, a melhor coisa do e-book: não acumulam poeira e não ocupam espaço.
Para uma pessoa alérgica como eu, ter uma mini biblioteca no quarto é suicídio, mas eu tenho. Culpa de não ter espaço suficiente em outros locais da casa, culpa minha também, por ter desenvolvido essa alergia só depois de mais velha.
Bom, sei que fui fazer uma faxina na estante, tirei todos os livros, separei por temas: os de administração (livros que li ou tentei ler durante o período de faculdade), os de psicologia ou "psicologia" (porque alguns, como os do Jung, não são aceitos pelo CRP), as enciclopédias (pra mim é um grande elefante branco, não servem para muita coisa, morro de alergia, prefiro pesquisar no google, mas não posso doar, pois meus pais são apegados e tal), e, enfim, os romances, bibliografias, peças de dramaturgia, ou seja, a fatia gostosa do bolo.
Na minha grande neurose, pensando que a mente precisa de um lugar organizado para se organizar, querendo "limpar as energias" do meu quarto e melhorar, assim, minha vida. Resolvi colocar os livros na estante em ordem alfabética de título. E agora, minha meta é ler um a um e provar que se os livros existem, devem ser lidos. O primeiro da lista é uma peça de teatro chamada Abajur Lilás, O - Plínio Marcos, no mesmo livro e em seguida tem outra peça: Oração para um pé-de-chinelo. Vou ler e pesquisar sobre o dramaturgo e este será o próximo tópico do meu blog. Divirtam-se com a minha falta do que fazer!
Friday, July 03, 2009
Arroz para Sushi
Ingredientes:
1kg de arroz japonês
10 colheres de sopa de vinagre de arroz
4 colheres de chá de sal
4 colheres de sopa de açúcar
4 colheres de sopa de saquê (para cozinha)
7 xícaras de chá de água
2 unidades de Kombu(alga) em tiras
Lavar o arroz até que a água fique clara (e isso demora, demora, demora...)
Despejar numa panela grossa.
Acrescentar água fria e o kombu, tampar e descansar por 30 min a 1 hora.
Cozinhar até ferver, baixar o fogo até a água secar.
À parte
Levar ao fogo brando o vinagre de arroz, com o sal, o açúcar e o saquê (lembrando que é o para cozinhar). Mexa até que o sal e o açúcar derreta.
Deixe o arroz pronto na panela tampada por 10 minutos. Após isso passar o arroz para uma bacia de plástico. Colocar o tempero da panela. Cortar o arroz em cruz. Resfriar o arroz rapidamente dando nele um choque térmico.
Cobrir o arroz com pano úmido até usá-lo.
Eu já fiz diversas vezes essa receita, vale a pena? Se você quiser sofrer, vale. Demora pra caramba e depois tem que enrolar, cortar o peixe e montar o sushi. Eu voto no sashimi ou no tradicional japonês a quilo mesmo. Mas pra quem quiser, taí! Enjoy it! ;)
1kg de arroz japonês
10 colheres de sopa de vinagre de arroz
4 colheres de chá de sal
4 colheres de sopa de açúcar
4 colheres de sopa de saquê (para cozinha)
7 xícaras de chá de água
2 unidades de Kombu(alga) em tiras
Lavar o arroz até que a água fique clara (e isso demora, demora, demora...)
Despejar numa panela grossa.
Acrescentar água fria e o kombu, tampar e descansar por 30 min a 1 hora.
Cozinhar até ferver, baixar o fogo até a água secar.
À parte
Levar ao fogo brando o vinagre de arroz, com o sal, o açúcar e o saquê (lembrando que é o para cozinhar). Mexa até que o sal e o açúcar derreta.
Deixe o arroz pronto na panela tampada por 10 minutos. Após isso passar o arroz para uma bacia de plástico. Colocar o tempero da panela. Cortar o arroz em cruz. Resfriar o arroz rapidamente dando nele um choque térmico.
Cobrir o arroz com pano úmido até usá-lo.
Eu já fiz diversas vezes essa receita, vale a pena? Se você quiser sofrer, vale. Demora pra caramba e depois tem que enrolar, cortar o peixe e montar o sushi. Eu voto no sashimi ou no tradicional japonês a quilo mesmo. Mas pra quem quiser, taí! Enjoy it! ;)
Tempestade
Agora, nesse momento, a chuva aqui onde moro está muito forte. Eu adoro chuva, mas apenas quando estou abrigada. Covardia? Talvez seja.
Quando chove assim, forte e intenso, gosto de olhar pela janela. Às vezes imagino que as gotas nos vidros da janela são lágrimas e, se tenho vontade, choro junto com elas, como se eu não chorasse sozinha.
A água não para de cair, tudo se inunda, inclusive minha cabeça de lembranças e pensamentos. Quando pequena me sentia muito só, sempre fui, desde criança, uma pessoa sozinha. Detestava domingos, ainda mais se chovesse. Mas essa chuva, contraditório ou não, que tanto adoro, me remete à minha solidão. Sem a qual não viveria bem. Gosto de ter amigos, sair, conversar, mas o que realmente gosto é de estar só. Quando chove sempre estou sozinha, a chuva nos isola dos outros. Assim fico eu e ela, a tempestade. Por algum tempo somos uma só. Nossa intimidade é tanta que ela se atreve a entrar em meu quarto e molhar meus papéis. Fico furiosa, brigamos, mas logo eu a perdoo, não vivo sem ela.
Quando chove assim, forte e intenso, gosto de olhar pela janela. Às vezes imagino que as gotas nos vidros da janela são lágrimas e, se tenho vontade, choro junto com elas, como se eu não chorasse sozinha.
A água não para de cair, tudo se inunda, inclusive minha cabeça de lembranças e pensamentos. Quando pequena me sentia muito só, sempre fui, desde criança, uma pessoa sozinha. Detestava domingos, ainda mais se chovesse. Mas essa chuva, contraditório ou não, que tanto adoro, me remete à minha solidão. Sem a qual não viveria bem. Gosto de ter amigos, sair, conversar, mas o que realmente gosto é de estar só. Quando chove sempre estou sozinha, a chuva nos isola dos outros. Assim fico eu e ela, a tempestade. Por algum tempo somos uma só. Nossa intimidade é tanta que ela se atreve a entrar em meu quarto e molhar meus papéis. Fico furiosa, brigamos, mas logo eu a perdoo, não vivo sem ela.
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