Está aí o motivo pelo qual acho que não gosto de grandes festas, de muita euforia, de carnaval: não gosto de máscaras, nunca gostei e quase não as uso. Quando tinha 17 anos escrevi uma poesia para um livro que seria publicado no meu colégio, um livro só com poesia dos alunos, era a seguinte:
"Lutar e vencer
ou amar e viver?
tem que haver escolha
na primeira ganharei uma máscara
na segunda me transformarei"
Desde muito nova sempre fui angustiada com o existir, com o ser. E sempre tentei ser autêntica, não pelo outro, mas por mim mesma, porque "mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira". É muito difícil uma pessoa mentir para mim e eu não desconfiar. Porém sou um tanto Sherlock Homes e não me sinto em paz enquanto não decifrar toda a mentira, toda a trama...
No entanto, vejo que talvez isso não seja mais necessário, que não é isso que vai me fazer menos ou mais feliz, satisfeita. Não é necessário saber o porque da mentira alheia e nem saber porque você é o alvo. Acho que a vida é bem mais simples. Você pode escolher entre ser realista ou acreditar na ilusão que querem que você acredite. Ser realista é lindo! É ver o mundo como ele realmente é, pelo menos através da sua visão. "É não ser adaptável as normas da vida" como diria Fernando Pessoa, ou melhor, Álvaro de Campos.
Assim acabo me sentindo como se vivesse num mundo à parte, mas não quero ser o centro das atenções, meu nome não é Umbigo. Simplesmente vejo que não há mais o que acreditar, é como se eu tivesse que aceitar a vida como é, sem ilusões, sem "estéticas com o coração"!
Para quem nunca ouviu o poema "Cruzou por mim, veio ter comigo numa rua da baixa" de Álvaro de Campos, declamado por Jô Soares, vale a pena ouvir no youtube: